terça-feira, 1 de julho de 2008

Presunção de inocência

Percebi que nos últimos tempos, sei lá, coisa de um ano talvez, eu tenho usado muito o mesmo adjetivo para qualificar algo que seja simples e emane felicidade descompromissada.
Ingênuo. Às vezes variando para inocente.

Por que será isso?

Se eu fosse obrigado a chutar, diria que o mundo trata de ir matando todo e qualquer subjetivismo enquanto crescemos. Ficamos mais cínicos e, pior ainda, mais céticos.
Certa vez me disseram: "Não assista comédias românticas, elas te fazem acreditar em algo que não existe.", taí uma coisa problemática. Detesto comédias e romances, mas me amarro em comédias românticas.
Por algum motivo, em certo momento da vida, as pessoas param de acreditar na sinceridade, na boa-vontade, no amor. Tudo fica corrido, e passamos mais tempo pensando no engarrafamento que nos atrasa do que olhando para o mundo em volta.
Alguém aqui já percebeu como o pôr-do-sol é lindo visto da L3? Caminhou de manhã cedo na parte leste do ICC , onde há árvores enormes de troncos verdes e uma quantidade assustadora de passarinhos voa como loucos dando rasantes nas pessoas? Quantos já viram a estátua do John Lennon perto do RU?

É comum que as pessoas achem que a vida já não tem todo aquele colorido que tinha antes. Isso explica os tão recorrentes momentos de nostalgia. Achamos que as pessoas ontem era mais despreocupadas que hoje, que o ritmo era mais lento e tudo mais. Só que na verdade não é o mundo que muda, e sim nós mesmos. Nós corremos, nos estressamos, prestamos atenção no que é secundário; Aquela velha alegria de ficar sem fazer nada, da impressão de tardes em que o tempo parava e os sorrisos vinham mais facilmente, tudo isso só depende de nós mesmos pra voltar, basta acreditar em certas palavrinhas.

Não é que no passado a vida fosse mais inocente, nós é que acumulamos culpa.

7 comentários:

Mandy disse...

I believe in faries! I believe in faries! Yes, I do!

Ilana Kenne disse...

Procuro diária e incessantemente por esses momentos, e ainda assim me pego muitas vezes olhando pro chão cinza de concreto no lugar das bonitas árvores. Tá, se eu não olhasse eu poderia tropeçar, mas queria ficar mais ao ar livre e em contato com a natureza do que fico. Aliás, essa é uma das coisas que eu mais sinto falta desde que vim morar em Brasília. Não sei se é falta de conhecimento meu ou é realidade, mas acredito que a capital gira em torno de shoppings, cinemas, bares e boates. E só. E isso é triste.

John, O Lobo disse...

Que nada Ilana, tem tanto lugar bom pra ir aqui! São necessários vários Pores-do-sol aqui pra ver toda a beleza que não cabe na janela do carro =)

L.C.C disse...

Por so Sol da ponte JK é imperdível

Nanda disse...

Acho que é pq vc vem de Torres, Nana...



Então, John, ótimo post. Mas acho tb que vamos mudando nossa maneira de ver as coisas para nos proteger das infelicidades. Pelo menos em parte das vezes.

John, O Lobo disse...

Grades que nos protegem mas também nos impedem de sair.

Unknown disse...

Eu acho que a idade e o ritmo de vida trazem essa perda de um modo forçado...cabe a nós tentar sempre achar um tempo pra respirar e olhar as belezas que estão por aí, tanto as explícitas quanto as ocultas.