quarta-feira, 23 de julho de 2008

Um dia na biblioteca

Não lembro exatamente os detalhes desse dia, mas foi um dos melhores que eu já experimentei.
Um dia à tarde eu estava na casa da minha avó entediada e sozinha. Cansada de passar os canais da televisão em vão, eu decidi sair de casa. Peguei minha mochila, calcei meu all star e saí, sem rumo, nada de muito anormal. Nem precisei andar muito. A uma quadra da casa da minha avó fica a biblioteca municipal.
Nunca tinha entrada naquela biblioteca. Ela não impressionava, era bonita, mas nada demais. A porta ficava sobre uma pequena escada e era rodeada por colunas, fazendo uma lembrança aos edifícios de Atenas, infelizmente a semelhança pára por aí.
Não havia muitas pessoas no interior do prédio, o que não é de surpreender ninguém, considerando que a época na qual a cidade produzia grandes escritores (ou até leitores) já havia passado há muito. Essa escassez de pessoas me permitiu sentar onde eu bem entendia, obviamente não antes de dar uma vasculhada e procurado pelo local mais afastado, onde ninguém poderia me atrapalhar, ou até socializar de qualquer forma comigo.
Peguei livros nas prateleiras e me sentei num cantinho bem afastado, longe dos olhos de qualquer pessoa, o que provavelmente era decorrência de aquele lugar ser bem pouco iluminado.
Não me lembro o que eu estava lendo, mas sei que era algo que tinha me tomado a atenção, ao menos até que eu escutei uma voz bem perto.
A voz pertencia a um garoto, provavelmente não mais velho que seus 22 anos, o que era muito para mim, já que eu deveria contar com uns 14 ou 15.
Achei interessante o fato de a primeira coisa que ele me falou foi um comentário a respeito de uma personagem do livro (não me perguntem qual a personagem, já que eu não lembro nem o livro), não foi um Oi ou um Como vai, mas sim um comentário de alguém que já tinha lido aquele mesmo livro.
Foi bem estranho ele ter se dirigido exatamente àquela mesa no fim do mundo, enquanto praticamente todas as outras estavam vazias. Esse meu assombro foi respondido quando ele me disse que eu estava sentada na mesa dele, mas ele não falou de uma forma rude, muito pelo contrário, parecia divertido com a idéia de alguém também ter escolhido aquela mesa inóspita.
Pedi que ele se sentasse comigo, já que a mesa era “dele”, o que pra quem me conhece foi muito impressionante da minha parte, já que não sou lá o ser mais sociável, muito menos quando quero ser deixado só, o que era obviamente o caso. Mas algo na voz dele havia me conquistado, era uma voz bonita, o tom era agradável, não sei bem explicar a sensação, mas ela te fazia se sentir bem. (Não, para quem está pensando que não foi a voz, mas sim o cara que me conquistou, errou feio, já que não se poderia de consciência livre atribuir o adjetivo belo a ele).
Não sei quanto tempo gastamos no falatório a respeito de alguns livros lidos por ambos e de alguns os quais apenas um de nós tinha ouvido falar, ou então tido oportunidade de ler. Sei que depois de algum tempo ele falou que queria me mostrar um local que eu adoraria (Sim, totalmente contra o ensinamento passado pelos nossos pais de não falarmos/sairmos com estranhos).
Tomamos sorvete de um daqueles caras que vendem sorvete feito em casa e transportado dentro de um isopor, e andamos cerca de umas 10 quadras.
Quando finalmente chegamos ao endereço por ele apontado se tratava de uma pequena livraria, uma porta e janela, cujos donos são dois senhores de idade. A senhora é formada em Letras e quando conheceu o marido, formado em Filosofia, decidiram abrir aquela livraria, que aparentemente mais tem por intenção conhecer pessoas com gostos parecidos com os deles (não se encontra lá livros que aparecem na lista de mais vendidos... uhauhahuahu) do que de fato vender livros. Assim como na biblioteca, havia sido a primeira vez que eu passava por aquela pequena porta e me sentava no sofá para simplesmente ler um livro, coisa que eu voltei a fazer inúmeras vezes nesses anos a dentro.
Me despedi do meu guia no final da tarde, uma tarde maravilhosa, e só após ele já ter sumido foi que percebi que não tinha perguntado o nome dele, assim como também não havia dito o meu. Nunca mais voltei a vê-lo, e também nunca mais entrei na biblioteca que havia me proporcionado um dia tão diferente do esperado. Acho que vou fazer isso em um dia dessas férias, vai que eu acho o meu guia novamente e ele me mostra um novo tesouro da ilha.
ps: finalmente um post não depressivo? uhauhahuahuahu. depende do estado de espírito, e esse é bem mais velho que os últimos dois.

7 comentários:

John, O Lobo disse...

Se ele já não estiver casado, no auge de seus 26-27 anos.

Sempre ouvi falar de encontros inesperados na biblioteca. nunca me ocorreram, porém. Inesperados.

Biblioteca é um local de felicidade!
Todo nerd um dia aprende isso. HAuahu

Nanda disse...

O que mais me impressiona é que essa história é verídica!
Imagina se um cara 7 anos mais velho me diz que vai me mostrar um lugar de que eu vou gostar muito....................

HAHAHAHA! Eu fugia.


Amazing post, though!

Mandy disse...

vai dizer que esse meu lado suicida não tem suas vantagens!
uhahuahuahuahuahu

L.C.C disse...

Qnd li a parte de q vai me mostra uma coisa uaheuaehuaehaeu eu comecei a pensar: amanda, n vaiiii; amanda, n vaiiiii. Droga! ela foi! Por isso q eh meio traumatizada auehaeuhaeuaeu.(ah tenho q termina um rascunho q ta ai no devaneios faz tempo...to totalmente sem inspiracao)

John, O Lobo disse...

Eu já li o rascunho do chimiiii.
Será um bom post.

L.C.C disse...

e ,john, ta botando mta fe ,hein! aeuhauehaeu. Melhor n espera mta coisa ,se nao vai se decepcionar hehe

Nanda disse...

Aaaaaaaaaaaaaaaaah, fiquei curioooosa!